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18 de novembro de 2024

Exclusivo: Holding de infraestrutura digital monta fundo de R$ 1 bi para ‘data centers’


Gestora Piemonte Capital busca se beneficiar da forte na demanda por serviços de armazenamento e processamento de dados relacionados à inteligência artificial (IA)

A holding de investimentos em infraestrutura digital Piemonte iniciará em janeiro as atividades do seu novo braço dedicado à gestão de recursos de terceiros. A recém-criada Piemonte Capital tem a meta inicial de captar, por meio de seu primeiro fundo, R$ 1 bilhão para investimentos em “data centers” (centros de dados). A gestora busca se beneficiar do aquecimento na demanda pelos serviços de armazenamento e processamento de dados relacionados à inteligência artificial (IA).

“A tendência é de um equilíbrio entre demanda e oferta somente entre 2027 e 2028”, projeta Alessandro Lombardi, fundador e diretor-presidente da Piemonte Holding, referindo-se ao mercado brasileiro. Para o executivo, “novos entrantes são bem-vindos”, uma vez que os clientes de “data centers” no país não encontram capacidade suficiente para atender às suas necessidades.

A Piemonte Holding tem como seu principal ativo a participação no fundo Elea Infraestrutura Digital, que controla a empresa Elea Data Centers. A Elea possui nove centros de dados espalhados por Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.

As aquisições mais recentes foram concluídas em julho, quando a Elea comprou por R$ 300 milhões dois “data centers” pertencentes à americana DXC Technology, em Barueri (SP) e São Bernardo do Campo (SP). A Elea tem o banco de investimento Goldman Sachs como acionista.

A ideia de estruturar uma gestora para captar recursos destinados ao segmento de infraestrutura digital surgiu, segundo Lombardi, da constatação de que as cinco principais empresas de “data centers” em atuação no país são controladas por grandes gestoras estrangeiras. “O investidor brasileiro não tem ângulo de entrada no setor”, afirma o fundador da Piemonte.


“Grandes gestoras são relativamente fechadas. É necessário ter dezenas de milhões de dólares para entrar no negócio [de centros de dados], para ter uma fatia, ainda que pequena”, acrescenta.


Lombardi enxerga investimentos potenciais no valor de R$ 5 bilhões para os próximos anos, o que resultaria na abertura de novos fundos pela Piemonte Capital. Um dos atrativos do mercado brasileiro — na comparação com outros países com condições de receber “data centers” de grandes corporações internacionais — está na matriz energética “limpa”, baseada em grande parte em fontes renováveis.


A busca por energia para desenvolver e ampliar projetos relacionados à IA está levando grandes companhias de tecnologia a enveredarem até pelo mercado de energia nuclear. Em outubro, a Amazon assinou acordo de financiamento com a X-Energy no valor de US$ 500 milhões. A empresa desenvolve reatores e combustível nuclear.


Também em outubro, a Alphabet, controladora do Google, divulgou a assinatura de um contrato com a Kairos Power para comprar energia gerada por pequenos reatores nucleares modulares a partir de 2030. “Os investimentos em usinas nucleares não são de curto prazo”, pondera Lombardi. “O Brasil é atrativo em relação aos Estados Unidos porque aqui a energia é ‘verde’”, conclui. 


Por Rodrigo Carro, Valor Econômico — São Paulo
18/11/2024

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